Princípios

A abordagem complexa dos saberes locais, isto é, das compreensões e práticas distintas sobre o mundo natural , emerge do contexto de crise paradigmática da ciência moderna e da necessidade de abertura ao diálogo com outros saberes. Incluímos nessa categoria o patrimônio material e imaterial de coletividades que, desde seus territórios, buscam resistir e reafirmar suas identidades frente à modernização e racionalização de suas realidades . Parte-se, portanto, da necessidade de abertura ao diálogo com outros saberes; a abordagem complexa, nesses termos, deve possibilitar a compreensão do saberes locais sobre o mundo natural apoiando-se em na união de métodos e técnicas oriundos de outros ramos científicos (da psicologia, da antropologia, da sociologia, da linguística, da ecologia, da geografia, etc.) de forma a permitir a interpretação das narrativas (da ciência e dos sabres locais) acerca da subjetividades dos fenômenos espacial (o território da comunidade) e temporal (o tempo social e biológico) que configuram a sociobiodiversidade de territórios tradicionais e alternativos.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Professor da UNIR palestra sobre
“MARCADORES TERRITORIAIS DO COLETIVO KAWAHIB”


Por Nicolas Floriani

O Grupo de Pesquisa Interconexões teve a honra de receber, no dia 13 de março de 2014, o Dr. Adnilson de Almeida Silva, professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), cujos trabalhos de pesquisa têm sido desenvolvidos linha dos saberes tradicionais (etnoconhecimentos) de povos indígenas da região norte do Brasil. 

Neste dia, os integrantes do Interconexões tiveram a oportunidade de assistir à palestra do referido professor, intitulada “Marcadores territoriais do Coletivo Kawahib: uma breve abordagem, na qual desenvolve o conceito de marcadores territoriais, a partir de sua experiência de tese (em 2009) no território  dos indígenas Kawahib, pertencentes ao tronco linguístico Tupi.




Com grande experiência em mapeamentos participativos dos territórios de povos indígenas, busca dialogar a partir do referencial  da Antropologia e da Geografia, com os saberes locais de natureza, traçando pontos comuns e interfaces entre esses grandes sistemas de conhecimento.

Destacando as particularidades culturais e as formas de organização societária de cada coletividade, bem como as formas de relacionamento desses grupos com a natureza e com outros atores sociais da sociedade envolvente, o pesquisador busca abordar a complexidade do tecido social e territorial, com base em conceitos e metodologias desenvolvidas a parir de sua pesquisa de doutorado.

Figura 1.  MAPA MENTAL DA TIUEWW - VISÃO KAWAHIB
Fonte: Autor: Djurip-Ga Jupaú. In: Kanindé. 
Diagnóstico Etnoambiental Uru-Eu-Wau-Wau. 
Porto Velho: Kanindé, 2002 (p.7) apud Almeida Silva (2010).

Os Marcadores territoriais podem ser considerados como um elementos centrais de uma modelo fenomenológico e hermenêutico refinado que sintetiza ideia de espaço vivido e de imaginários coletivos, cujas narrativas estão inscritas na configuração paisagística, condensadas nos  geossímbolos e geoestruturas. Os marcadores territoriais nas palavras do pesquisador aparecem como “representações sociais e espaciais de uma determinada etnia a partir das experiências, vivências e da cosmogonia, permitindo-lhes qualificar a relação de um grupo social com o espaço (a espacialidade)”.